Educação Infantil: Uma fase importante na aprendizagem

29/08/2014 14:47

Um dos principais papéis reservados à Educação é o de capacitar o individuo a dominar o próprio desenvolvimento, fornecendo-lhe, o mais cedo possível, o "passaporte para a vida", levando-o a compreender melhor a si mesmo e aos outros, de forma a poder participar da vida em sociedade.

O atual contexto social possui prioridades e exigências diferentes de épocas passadas, e a escola passa a ser o espaço em que as relações humanas são moldadas, deixando de ser o lugar no qual professores apenas trasmitem um acervo de conhecimentos para gerações mais novas.

Hoje, a escola possui um caráter formador, aprimorando valores e atitudes, desenvolvendo, desde a mais tenra idade, o sentido da observação, despertando-as a buscar informações, onde quer que elas estejam, para usá-las no seu cotidiano.

Segundo Piaget, a etapa dos dois aos seis anos é uma das fases mais importantes do desenvolvimento humano, pois nela ocorrem inovações radicais na inteligência. É também nessa etapa que as crianças constroem os padrões de aprendizagem formais que utilizarão durante toda a sua vida acadêmica. Aprender, portanto, passa a ser o ponto crucial do processo.

A partir dos três ou quatro anos, de uma maneira geral, as crianças podem se beneficiar mais com as experiências enriquecedoras oferecidas em casa. Sobretudo, a interação com outras crianças e adultos que lhes propõem atividades apropriadas ao seu nível pode significar uma ajuda extraordinária no desenvolvimento de suas capacidades. Trazer o mundo para dentro da escola e fazer a criança se "apaixonar" pelo conhecimento é a principal meta da Educação Infantil.

Por outro lado, pesquisas neurológicas recentes reforçam a importância da aprendizagem nos anos iniciais, ao demonstrarem que aos três anos o cérebro humano tem estrutura pronta para aprender e nele ocorrem cerca de um trilhão de movimentos sinápticos do cérebro humano, sendo importante aproveitar as "janelas de oportunidades", oferecendo estímulos para as crianças desenvolverem o maior número possível de habilidades.

Durante os cinco primeiros anos de vida, as crianças aprendem o padrão básico do discurso que usarão no decorrer de suas vidas; absorvem naturalmente a linguagem, ouvindo e utilizando a do adulto como referência. Porém, não é só ouvindo e repetindo palavras que serão capazes de construir a linguagem. É principalmente pelo significado, pelas aproximações com a realidade e pela disposição para procurar evidências que as levem a mudanças de hipóteses que são capazes de compreender o mundo e agir sobre ele.

Ouvir, falar, ler e escrever são habilidades que se desenvolvem em total interligação. A linguagem não é aprendida isoladamente, mas integrada a todas as atividades e vivida a cada dia. Ela é a chave do desenvolvimento intelectual e possibilita ao individuo expressar seus sentimentos e seus pensamentos.

Desta forma, à medida que as crianças começam a adquirir as habilidades de raciocínio, verbal, elas necessitam de uma instrução reflexiva, ou seja, uma aprendizagem mediada por um adulto, que faz com que elas reflitam sobre o próprio pensamento. Dentro dessas perspectivas, a Educação Infantil permite que as crianças sejam pensadores sistêmicos, aprendam a refletir sobre seus modelos mentais, a trabalhar em equipe e a construir visões compartilhadas com outros, e, quanto mais cedo isso acontecer, melhor é para o desenvolvimento da criança.

O maior desafio, porém, é fazer justiça ao potencial de desenvolvimento da criança, buscando recursos para enriquece-lo, saindo do conceito singular de alfabetização para compreende-lo como uma alfabetização para o mundo, dando possibilidades às meninas e aos meninos de se apropriarem de ferramentas básicas que lhes permitam se comunicar e seguir aprendendo.

Segundo James Heckeman, prêmio Nobel de Economia, "deixar de fornecer estímulos às crianças nos primeiros anos de vida custa caro para elas e para um país".

 

autora: Maria Celia Montagna de Assumpção

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